Saudade

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Ilusão de haver origem
e fim,
fecundas a virgindade
que não cessa.

Desejas o que negas,
rejeitas o que és
por anseio do que não podes:
regressar ao que nunca deixaste.

És absurda
maravilhosa
vasta e profunda
infinita.

És tudo,
a vida e a morte
que não são.

Nunca foste, não és e não serás.
Por isso tudo te canta e sofre:
ilusão de haver.
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de Paulo Borges

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