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Não escrevo a Verdade. Só a minha ignorância e a minha sabedoria. A minha loucura. Tudo o que, por ser meu, não existe.
Nada jamais aconteceu nem pode acontecer. Cada um de nós é o esquecimento absurdo e maravilhoso disso.
Eternamente a Ressurreição é. E tu, cadáver que a/te adias esperando-a !...
O Bilhete de Identidade é o diploma universal da Ignorância.
"Eu faço" : que presunção ! "Deus em mim faz" : que blasfémia ! "Deus faz" : que pena !
O mundo é riso e lágrima pelo que não existe.
Eu: o mais improvável e indemonstrável, de tudo pede provas e demonstrações...
Que o filósofo e o parvo são inseparáveis sabia-o Mestre Gil Vicente. Ignoram-no os filósofos que são parvos.
És o Fim do Mundo. E ele só tarda porque tardas em saber o derradeiro que saberás.
Quando só compreenderes o que não pode ser compreendido tornar-te-ás inteligente. O difícil vem depois.
A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido.
Tudo o que é demasiado exterior pode acabar por nos tornar profundos.
Os teólogos são os eternamente frustrados psicanalistas de um Deus incurável.
Apaga-te. A realidade basta(-se). E não precisa que brilhes para ser evidente.
És o sem fundo do mundo. Que buscas na superfície que não há ?
Ó mundo ! Aparecemo-nos de todas as formas possíveis !
Dançando na corda tensa do impossível arriscamo-nos a cair na existência. Sem rede.
O mundo é um triz.
Tudo é sem rede. Mas assegura-nos imaginar que a há.
Pensamos por medo. E agredimos a realidade com o conceito de a haver.
Se nunca deixasse de saber que me imagino !...
Continuas a procurar porque ainda não encontraste ou continuas a procurar para fazeres de conta que ainda não encontraste ?
Avança onde as estradas e o chão terminam.
Perdemos a memória do que é. E reencontramo-la nas pausas do nosso desejo louco do que não existe.
Coincides com o que é. E desvias-te para teres o que ser.
És Abismo. A que é que te agarras ?
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de Paulo Borges
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